É impossível escapar do clima das Olimpíadas ou do espírito olímpico, ou da explosão de patriotismo incubado que somos chamados a liberar quando nossos atletas ganham uma medalha. Porque o mundo se globalizou, abriu algumas fronteiras e domesticou as rivalidades no Ocidente, mas gritar pelo nossa seleção, ainda nos é permitido.
Por isso, alguns imigrantes vivem um dilema. Aqueles que tanto lutam para se integrar, por falar corretamente o idioma, por se equilibrar em duas culturas, em dois paises, veem-se numa encruzilhada. Torce para seu país de origem, mas secretamente olha para os atletas do seu país de residência. Fica emocionado quando um atleta levanta a sua bandeira e da mesma forma se sensibiliza com o resultado obtido por seu atual pais.
E quando as duas seleções - de qualquer esporte, não só do futebol - se enfrentam? Triste. Claro que a gente torce para o Brasil, mas o ideal, para mim, seria que nunca mais ele enfrentasse a Espanha. Não precisaria mais me justificar e nem aguentar as prováveis risadas (ou cara feia, dependendo do resultado) dos meus amigos.
O melhor dos mundos é quando não há mais atletas brasileiros na disputa e os espanhóis triufam. Fiquei particularmente feliz com as medalhas das espanholas na canoagem, halterofilismo e natação; assim como exultei com o judô brasileiro e as meninas do futebol. Por outro lado, preferi nem ver o resultado do handbol feminino! Até nisso temos o coração divido!
sábado, 13 de agosto de 2016
sábado, 19 de março de 2016
Ei! Eu ainda sou brasileiro
Este é um
post de desabafo. Só isso. Por favor, se quiserem deixar um comentário, leiam
até o final.
Com toda
essa polarização política no Brasil, as ruas tomadas pela população em atos a
favor da Dilma ou contra a Dilma, todo mundo discutindo política como há muito
não se via, eu também quero dar minha opinião...
"Mas,
peraí, você não mora mais no Brasil. Fica quieta que você não entende o que
está acontecendo aqui."
Essas e
outras são algumas acusações que os brasileiros que vivem no exterior sofrem.
Digo "acusações" porque essas palavras são sempre ditas em tom
ríspido, para encerrar a conversa, desqualificando nossa opinião. Como se a
gente não lesse jornal e não se informasse sobre a Petrobras e o Sergio Moro.
Porém, ao
contrário do que as pessoas pensam, a maioria dos brasileiros do exterior não
deixa de ser brasileiros. Ainda temos nosso passaporte, temos que declarar o IR
no Brasil (ou dizer que saímos de lá), registrar (ou não) nossos filhos no
Consulado e principalmente, votar para presidente. E a partir de 2018 seremos
obrigados a isso, tal qual acontece no Brasil, sob pena de não renovarmos o
passaporte.
"Você
agora vive muito bem e já esqueceu do Brasil."
Não posso
esquecer, nem poderia. Além da burocracia brasileira estar presente em nossa
vida, também está no sotaque, no modo de ser, de andar e de pensar, ora essa!
Sou lembrada pelos espanhóis constantemente que sou brasileira, seja porque
falo diferente, seja porque tenho outros costumes. Acabo me tornando a
referência que eles têm do que é o Brasil e vários vieram me perguntar ou
pedir explicações sobre o que está acontecendo nos últimos tempos no país.
Morar no
exterior não significa viver com dinheiro sobrando. Vários brasileiros abrem
mão do conforto para mandar dinheiro para a família que ficou... no Brasil! Por
isso, não perdemos vínculos com nosso país e nem queremos. Normalmente, quem
fala isso, nunca saiu das fronteiras.
Esquecer?
Como? Minha família, meus amigos da vida toda e minhas
referências culturais estão ali. Quero conhecer mais a cultura do meu novo país, mas nem
por isso quero deixar de lembrar do que aprendi. Quero somar e não diminuir.
"Ninguém
de fora pode falar da gente!"
É mesmo?
Então, vamos parar de opinar sobre o terrorismo, parar de "Je suis
Charlie", de comentar sobre as guerras, de nos comparar aos EUA, e de
achar que "isso só acontece no Brasil". Num mundo globalizado todo
mundo fala de todo mundo. Que bom!
E no mais,
fiquem sabendo que a comunidade brasileira no estrangeiro está organizando atos
pró e contra o governo. Nós também escolhemos dar nossa opinião mesmo estando longe,
porque somos brasileiros. Com muito orgulho.
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