sábado, 16 de março de 2013

O papa e a imprensa brasileira e espanhola

Olá, queridos !!

        Tenho que comentar alguns aspectos da já ultra discutida escolha de um cardeal argentino para ser o mais novo líder da igreja católica. Como acompanhei pelo O Globo e pelo El País pude notar algumas diferenças gritantes na abordagem.

         A primeira, mais óbvia, foi a dor de cotovelo brasileira ao ver que seu candidato, considerado papável, náo tinha sido eleito. Afinal, o Brasil, pese todas as suas mazelas, nunca esteve táo bem no cenário internacional. Dom Odilo sempre esteve apontado como um possível sucessor de Bento XVI, enquanto nenhum dos cardeias espanhóis tinha a mínima chance - seja pela idade, seja pelo prestígio. Por isso, essa expectativa náo exisitia aqui.

          A segunda foi a imprensa brasileira ter transformado a eleiçáo, depois de anunciado o resultado, em um jogo de futebol. Sobraram metáforas e piadas sobre o tema. Ok. A gente riu um pouquinho, mas vocês acham que os cardeais ali transformaram a disputa em uma final de Copa do Mundo? É muita pobreza de espírito querer reduzir uma questáo táo importante como a escolha de um líder para saber se Maradona é melhor que Pelé.

          Em Madri isto náo aconteceu.O tom do El País foi de ufanismo porque a impresa madrilenha adora um latino quando isso propaga o idioma. Se náo é o caso, latinos sáo chamados pejorativamente de "sudacas" mesmo. Aqui o papa foi latino-americano desde o início; em O Globo, argentino, sul-americano e depois latino. É claro que isso é resultado da relutância do Brasil em identificar-se com a América Latina e da Espanha ser a "madre pátria" (ainda que contravertida) das naçóes hispano americanas.

          Outra sutileza - e como é bom saber história - é a insistência com que muitos interpretaram a escolha do nome Francisco. Concordo: foi o santo de Assis. Mas o novo sucessor de Pedro vem dos jesuítas, que conta com um Francisco Xavier nas suas fileiras e nos altares. E mais: a ordem jesuíta foi fundada na...Espanha!

          Finalmente, tanto o periódico espanhol quanto o brasileiro destacaram a oposiçáo aos Kirchner e ao casamento gay. Em Madri isto tem sentido, pois desde que Cris fechou a YPF, ela virou persona non grata por aqui. Já o casamento gay tem a ver com o próprio orgulho que a esquerda espanhola de ter aprovado esta lei em um país de tradiçáo católica. Enfim, apesar do ranço esquerdista e contra a religiáo do jornal madrilenho, ainda assim preferi a cobertura espanhola, pois se desejo saber novidades sobre futebol, vou para a seçáo de Esportes, ora essa.

           

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