sábado, 19 de março de 2016

Ei! Eu ainda sou brasileiro

 Este é um post de desabafo. Só isso. Por favor, se quiserem deixar um comentário, leiam até o final.

Com toda essa polarização política no Brasil, as ruas tomadas pela população em atos a favor da Dilma ou contra a Dilma, todo mundo discutindo política como há muito não se via, eu também quero dar minha opinião...

"Mas, peraí, você não mora mais no Brasil. Fica quieta que você não entende o que está acontecendo aqui."

Essas e outras são algumas acusações que os brasileiros que vivem no exterior sofrem. Digo "acusações" porque essas palavras são sempre ditas em tom ríspido, para encerrar a conversa, desqualificando nossa opinião. Como se a gente não lesse jornal e não se informasse sobre a Petrobras e o Sergio Moro.

Porém, ao contrário do que as pessoas pensam, a maioria dos brasileiros do exterior não deixa de ser brasileiros. Ainda temos nosso passaporte, temos que declarar o IR no Brasil (ou dizer que saímos de lá), registrar (ou não) nossos filhos no Consulado e principalmente, votar para presidente. E a partir de 2018 seremos obrigados a isso, tal qual acontece no Brasil, sob pena de não renovarmos o passaporte.

"Você agora vive muito bem e já esqueceu do Brasil."

Não posso esquecer, nem poderia. Além da burocracia brasileira estar presente em nossa vida, também está no sotaque, no modo de ser, de andar e de pensar, ora essa! Sou lembrada pelos espanhóis constantemente que sou brasileira, seja porque falo diferente, seja porque tenho outros costumes. Acabo me tornando a referência que eles têm do que é o Brasil e vários vieram me perguntar ou pedir explicações sobre o que está acontecendo nos últimos tempos no país.

Morar no exterior não significa viver com dinheiro sobrando. Vários brasileiros abrem mão do conforto para mandar dinheiro para a família que ficou... no Brasil! Por isso, não perdemos vínculos com nosso país e nem queremos. Normalmente, quem fala isso, nunca saiu das fronteiras.

Esquecer? Como? Minha família, meus amigos da vida toda e minhas referências culturais estão ali. Quero conhecer mais a cultura do meu novo país, mas nem por isso quero deixar de lembrar do que aprendi. Quero somar e não diminuir.

"Ninguém de fora pode falar da gente!"

É mesmo? Então, vamos parar de opinar sobre o terrorismo, parar de "Je suis Charlie", de comentar sobre as guerras, de nos comparar aos EUA, e de achar que "isso só acontece no Brasil". Num mundo globalizado todo mundo fala de todo mundo. Que bom!

E no mais, fiquem sabendo que a comunidade brasileira no estrangeiro está organizando atos pró e contra o governo. Nós também escolhemos dar nossa opinião mesmo estando longe, porque somos brasileiros. Com muito orgulho.